IMPLANTANDO NA ESCOLA O CONCEITO DE DESIGN THINKING


6 de maio de 2020

Por Annie Galvin Teich*

Transformar o mundo é uma tarefa árdua para qualquer empresa, mas a equipe da Polytechnic State University, na Califórnia, está chegando perto disso. Estudantes do Digital Transformation Hub da escola receberam a missão de trabalhar localmente, e também junto a outros hubs de inovação pelo mundo, para resolver problemas reais, e não apenas teóricos.

O chamado Cal Poly Hub foi criado para ajudar no desenvolvimento de uma cultura de inovação junto à comunidade educacional, sempre com foco no usuário. Um dos desafios propostos era determinar como o engajamento dos estudantes na solução de problemas reais agregaria valor ao ambiente educacional. E, além disso, gerar experiências que pudessem ser compartilhadas com instituições de vários países.

Com apoio da AWS (Amazon Web Services), a Cal Poly decidiu oferecer aos alunos melhor acesso às tecnologias emergentes, adotando a filosofia de “aprender fazendo”. Foram atraídas ao projeto outras instituições de ensino, além de ONGs e entidades sem fins lucrativos, inclusive fora do país, também empenhadas em resolver problemas reais de seu dia a dia. O Hub trabalha em cooperação com centros de inovação da AWS na França, Alemanha, Canadá, Coréia do Sul e Austrália.

 

ENFRENTANDO PROBLEMAS DO MUNDO REAL

Paul Jurasin, diretor do Hub, organizou com sua equipe um workshop para segmentar seu modelo de inovação em áreas como segurança pública, policiamento e cuidados com a saúde. Começaram por identificar nas comunidades participantes (os “clientes”) quem tinha um problema real, definindo então qual tecnologia seria mais apropriada para cada caso e a melhor estratégia a ser adotada. Cada equipe era composta de estudantes, especialistas da área, pessoal técnico e um líder.

Logo o grupo percebeu que o processo seria mais eficaz se focassem primeiro no problema, para depois pensar na tecnologia. Também descobriram que os alunos precisariam estar presentes por mais tempo (a ideia inicial era que cada projeto durasse apenas um trimestre), pois seria necessário muito treinamento. “Após eles aprenderem a metodologia e os processos, queríamos que ficassem por um ano ou mais”, explica Jurasin.

O Cal Poly Hub está aberto a cooperar com entidades e instituições de qualquer país, compartilhando seu modelo de inovação.

O processo de inovação contém cinco etapas:

1.Identificar: estabelecer o interesse específico do cliente

2.Engajar: focar o desafio do design com base numa visão articulada para introduzir a ideia de inovação digital

3.Definir (dentro do próprio workshop): necessidades do cliente, a solução digital recomendada, o momento certo e o alinhamento dos diretores e acionistas.

4.Prototipar: explicitar a solução na voz do cliente, com descrição e teste da solução digital, e criar uma proposta de valor incluindo custos e benefícios estimados.

5.Calcular valor: lançar MVP (produto mínimo viável), desenhar uma arquitetura de escala para implantação, modelo operacional de suporte ao MVP e à inovação contínua.

 

ONDE ENTRA DESIGN THINKING

O primeiro passo num processo de design thinking é o que se chama Empathy Mapping. Na montagem da equipe, é importante contar com pessoas que de fato representem as necessidades do cliente, ou com o próprio cliente, para se entender profundamente o problema. “Por exemplo, se estamos lidando com uma comunidade onde há problema de pessoas sem teto, queremos trazer alguém que seja ou já tenha sido homeless, para entender suas necessidades reais”, diz Jurasin.

Nesse processo de design thinking, detalha o diretor do Hub, são usadas ferramentas para mapeamento de empatia desenvolvidas pela AWS, como:

– Tarefas: quais tarefas os usuários têm que cumprir? Quais perguntas eles têm a fazer?

– Influências: quais pessoas, coisas ou lugares podem influenciar as atitudes do usuário?

– Objetivos: qual é a principal meta do usuário? O que está tentando conseguir?

– Dificuldades: quais experiências ruins ele está enfrentando e precisa superar?

– Sentimentos: como o usuário está se sentindo com essa nova experiência? O que é mais importante para ele/ela?

Ao concluir esses procedimentos, os membros da equipe terão uma compreensão clara do cliente, com ideias objetivas sobre suas necessidades, desejos, atitudes e comportamentos.

 

EXEMPLO DE UM PEQUENO PROJETO

Estudantes da Fresno State University, também na Califórnia, estavam sendo inundados com comunicados dos vários departamentos da escola, e havia a preocupação de que pontos-chave dessa comunicação eram perdidos. A equipe do Hub então desenvolveu uma plataforma de comunicação totalmente centrada no estudante, que recebe regularmente apenas informes relevantes e de alta prioridade.

O Cal Poly Hub define como sua missão resolver problemas reais da comunidade (veja neste vídeo). Seus integrantes trabalham com código aberto, de forma que qualquer pessoa pode acessar a solução. O grupo acredita que compartilhando essa informação ajudará a resolver mais problemas pelo mundo afora. “Gostaríamos de realizar mais desafios internacionais, com outros hubs de inovação que lidam com problemas globais”, diz Jurasin.

Segundo ele, o hub de Paris, por exemplo, está trabalhando em questões relacionadas ao envelhecimento, um problema que também afeta comunidades na Califórnia. O problema pode ser o mesmo, mas as condições de cada localidade talvez exijam soluções diferentes. Seja como for, o Cal Poly Digital Transformation Hub está aberto a colaborar com entidades e instituições de qualquer país e, assim, ajudar a resolver problemas importantes do mundo real.

Para futuros contatos, este é o site da Universidade: https://www.calpoly.edu

*Texto extraído de artigo publicado no site Tech & Learning. Para ver o original na íntegra, clique aqui.

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