2017, um ano de otimismo cauteloso


14 de março de 2017

Assim como ocorre com a economia como um todo, a indústria audiovisual profissional brasileira lida com um duplo viés em 2017: uma provável, e esperada, aceleração do mercado após um ano mais complexo, permeada, porém, pela instabilidade político-econômica que ainda pauta o cenário local. Mas isso não significa o fim dos negócios ou de uma perspectiva de desenvolvimento, conforme explica o country manager da InfoComm no Brasil, Nelson Baumgratz.

“Recomenda-se o otimismo cauteloso. É importante diversificar, planificar, enxugar, otimizar – buscar fazer mais com menos, ter mais eficiência, estar mais capacitado, se diferenciar pela certificação dos profissionais e, assim, suportar essa travessia pelo deserto em que nos encontramos atualmente”, afirma.

Impulsionado pelo mercado internacional, o setor promete, ainda, um rol de inovações extremamente diversificado, que deve garantir um destaque maior àqueles que aproveitarem esse momento, no qual a maior parte do mercado apela ao conservadorismo exagerado. “As empresas do mundo audiovisual profissional perceberam que uma das ações mais poderosas que podem fazer é se aproximar e educar cada vez mais o cliente final”, aconselha.

Acompanhe a entrevista completa com Nelson Baumgratz na sequência.

Quais os principais desafios do mercado de audiovisual no Brasil para 2017? São comparáveis aos desafios do restante do globo? Por quê?
Nelson Baumgratz: 
Embora se perceba uma situação de crise em quase todas partes da América Latina, o cenário do Brasil é mais complexo do que, por exemplo, Colômbia ou Chile, locais nos quais a alta do dólar, sem dúvida, impactou a indústria local de audiovisual profissional. Aqui temos o componente da instabilidade e imprevisibilidade político-econômica.

Como os players devem lidar com esses desafios ao longo dos próximos meses?
Nelson Baumgratz: 
Recomenda-se o otimismo cauteloso. A situação político-econômica do País ainda não está definida, e isso gera naturalmente muitas incertezas, mas não quer dizer que devamos ficar paralisados. É importante diversificar, planificar, enxugar, otimizar – buscar fazer mais com menos, ter mais eficiência, estar mais capacitado, se diferenciar pela certificação dos profissionais e, assim, suportar essa travessia pelo deserto em que nos encontramos atualmente. Buscar oportunidades onde não se pensava, usar a criatividade e inventividade para continuar entregando aos clientes soluções e experiências excepcionais de comunicação é um caminho essencial.

Isso vale para empresas de audiovisual e demais setores.  As empresas do mundo audiovisual profissional, sejam elas as fabricantes, os elos da cadeia de comercialização, ou mesmo as de integração de sistemas, perceberam que uma das ações mais poderosas que podem fazer é se aproximar e educar cada vez mais o cliente final, que é quem, no fim das contas, decide e compra o seu produto ou serviço. Para isso, temos visto e participado de excelentes iniciativas de associados nossos, como road shows e encontros de negócios voltados fortemente para esse cliente final.

Como a situação econômica afeta as perspectivas de resultados do audiovisual no Brasil e no mundo?
Nelson Baumgratz:
 As empresas estão faturando menos, obviamente, e isso as obriga a uma reengenharia interna, aprendendo a viver com menos, e também a fazer mais com menos. Todo o mercado está se reinventando, e as empresas estão percebendo que gerar sinergia e parcerias é uma maneira de criar e aproveitar oportunidades.

Quais são as principais tendências tecnológicas para o audiovisual em 2017? São as mesmas para Brasil e para o mundo?
Baumgratz:
 Temos visto evolução nas tecnologias de display, onde se procura cada vez mais ter displays emissivos de maior tamanho e brilho, como painéis gigantes de LED e de pitch cada vez menor, por exemplo. Já nas tecnologias de imagem projetada, o grande breakthrough dos últimos tempos tem sido o avanço dos projetores de alto brilho com a tecnologia de laser, trazendo uma importante combinação de alta qualidade de imagem, menor consumo de energia e maior durabilidade.

Outras tecnologias interessantes e de aplicação revolucionária, como arrays de microfones que permitem padrões de captação até então inexistentes ou impossíveis com os microfones comuns, abrem as portas para novos avanços na captação sonora.

Creio que veremos em 2017 mais avanços nessas áreas, e mesmo em muitas outras, com recursos e soluções cada vez mais avançadas de automação e controle integrado, por exemplo. Para ser mais preciso, o ideal é esperarmos a primeira feira da InfoComm deste ano, realizada em fevereiro na Europa, a Integrated Systems Europe (ISE), onde muitos produtos e tecnologia novas serão apresentados ao grande público.

*Publicado originalmente na  AVI Latinoamerica