COMO DESENHAR PROJETOS AV PARA ESTÁDIOS E ARENAS


1 de novembro de 2016

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Por Travis Ludwig*        Muitos aspectos do design de estádios e arenas são semelhantes ao trabalho em qualquer projeto de áudio/vídeo. A principal diferença está na magnitude. Junto com sistemas de grande porte vem a necessidade de maior coordenação entre o proprietário, o arquiteto (que às vezes snao vários) e o integrador, além de suas respectivas equipes.

Aqui, analisamos alguns dos itens mais importantes nesse tipo de projeto:

1.Os estádios abertos não sofrem com problemas inerentes aos espaços fechados, como revereberação e nível de ruído dos sistemas de calefação e refrigeração (HVAC).

2.No entanto, como não há obstáculos acústicos, o projetista precisa utilizar maior quantidade de alto-falantes direcionais, explorando ao máximo os limites de pressão sonora.

3.A menos que o estádio tenha cobertura rígida, os falantes principais devem ser posicionados acima do nível de altura do público. Isso resulta em outro desafio: o atraso nos sinais de áudio refletidos, com graus bem audíveis de eco.

4.Devido a mudanças na umidade do ar, a resposta de agudos pode variar muito. A única solução – e mesmo assim parcial – é concentrar a maior quantidade possível de altas frequências em propagação direcional. Esse é um dos motivos pelos quais se recomenda o uso em arenas dos sistemas de falantes line-array.

5.Já se tornou padrão utilizar falantes compactos montados logo abaixo do teto e nos decks superiores, para cobrir as áreas de assento adjacentes. Isso é útil para levar os espectadores um som mais direcional. Montados dessa maneira, os falantes podem ser ajustados para se obter o atraso correto em relação aos line-arrays, conforme a necessidade. Ajuda também a reduzir a necessidade de potência nas regiões próximas ao teto, e consequentemente diminuir os efeitos da energia sonora refletida pelas estruturas verticais.

Além do som que chega ao público,

o projeto deve prever o cabeamento

e conexão das cabines de transmissão e

áreas de circulação interna das arenas.

 

6.Numa arena, todos os componentes de áudio e vídeo têm contato direto com os fatores ambientais (calor, frio, umidade, chuva) e, portanto, precisam ser devidamente protegidos. Vários fabricantes oferecem aparelhos outdoor, inclusive com conectores à prova d’água; ou com cabos marinizados, que devem ser conectados a caixas outdoor próximas. Além disso, todas as conexões precisam ser acondicionadas em gabinetes protegidos, e os cabos especificados de acordo.

7.Em estádios esportivos, um item fundamental são as placas de sinalização do placar – que naturalmente devem oferecer excelente visualização para todos os espectadores. Os displays devem ser de altíssimo brilho, o que de imediato nos remete às estruturas de led, uma tendência em todo o mundo. A resolução não chega a ser um ponto crítico nesse tipo de aplicação, considerando as grandes distâncias de visualização. Mas é bom ter em mente que os displays serão usados para reproduzir tanto informações de texto (inclusive aquelas ligadas à segurança do local) quanto imagens dinâmicas.

8.O projeto deve levar em conta ainda a posição ideal das cabines de transmissão para rádio e TV, além das usadas pelos locutores do estádio e pelos operadores técnicos. Claro, todos precisam ficar protegidos contra sol, chuva, vento etc., mas além disso é interessante utilizar camadas de vidro robustas e que permitam largas áreas de visualização. Outro detalhe: essas cabines têm que ser acusticamente isoladas do ruído ambiente e também do sinal gerado pelos alto-falantes. Um problema comum que encontramos é o excesso de reflexão sonora atingindo os microfones dos locutores. Outra questão: os operadores de áudio devem conseguir distinguir entre os sinais diretos e refletidos, pois isso afeta suas marcações de tempo para entrada de intervalos comerciais, por exemplo.

Esses são apenas alguns aspectos dos projetos de arenas e praças de eventos em geral, no que se refere a áudio e vídeo. Há diversos outros desafios, que como dissemos são similares aos que encontramos em espaços fechados, como áreas de suporte, sinalização digital, rotas de fuga, vestiários, fisioterapia, salas de imprensa e/ou entrevistas, salas reservadas ao pessoal de segurança e seus equipamentos, suítes privadas, bares, estacionamento etc. Mais ainda: onde ficam as centrais de controle e roteamento dos sinais, quadros de força e áreas para conexão dos carros de reportagem?

Em geral, esses projetos exigem equipes multidisciplinares, e é sempre bom que o proprietário mantenha seu pessoal interno devidamente qualificado e treinado. Especialistas em acústica, elétrica, broadcast, sistemas de projeção, rede de fibra óptica e produção de vídeo são mais do que bem-vindos para trabalhar em conjunto com as equipes contratadas. O sucesso dos eventos depende dessa coordenação.

*O autor é consultor em design AV, atuando na área de Chicago. O texto original pode ser lido aqui. (c) AV Network.