Inteligência em tempo real: repensando o papel da monitoração em TI


30 de março de 2016

realtime

Por Ricardo Clemente*

Hoje, em meio a um mercado competitivo, é praticamente impossível pensar na expansão ou sobrevivência dos negócios de uma empresa, seja qual for a área, sem a participação ativa da tecnologia. Com a digitalização vivida em diferentes setores, não há espaço para o pensamento retrógado de que a função do setor de TI é suporte apenas. TI é cada vez mais o negócio.

Quando olhamos para o papel de monitoramento da TI, também não podemos apenas vê-lo mais como o monitoramento de recursos, como servidores, links e páginas, e de serviços, como webservices e filas. Muitas vezes, a única célula 24×7 (24 horas, sete dias por semana) da empresa é o time de monitoramento e service desk da TI. São profissionais que se revezam em turnos e cuidam para que os serviços de TI estejam disponíveis. Analisam gráficos, recebem alertas e acionam procedimentos operacionais quando há algum problema em curso.

Diante de toda a transformação que se impõe com a digitalização, precisamos reinventar esta função de monitoramento, ampliando o escopo para uma célula de real-time intelligence. Esta modificação, como de costume, engloba pessoas, processos e tecnologia.

Do ponto de vista tecnológico, é preciso ampliar o escopo dos dados capturados para passarem a englobar, por exemplo, as experiências do cliente final, dados de venda, eficiência logística e desempenho de canais, entre outros. É claro que este fluxo de dados gigantesco precisa ser tratado em tempo real por ferramentas especialistas, para ajudar quem está na tomada de decisão. As tecnologias de stream analytics, ou real-time analtytics, são a base para este tipo de solução.

Do ponto de vista de processos e pessoas, certamente será uma transformação cultural a ser gerenciada.  É preciso vencer barreiras nas diferentes áreas, TI e negócio, estabelecer procedimentos em conjunto e treinar os profissionais de TI neste novo papel. Com certeza, um grande desafio. Mas a boa notícia é que já existem empresas no Brasil com histórias de sucesso neste ponto.

Talvez o movimento certo seja começar com pequenos casos de negócio a serem monitorados e procedimentos bem elaborados. O simples fato de trazer números para a operação do dia-a-dia da TI é uma alavanca incrível na direção de uma nova cultura de tecnologia e negócio. É um ciclo virtuoso, onde aos poucos a preocupação com vendas não realizadas, o preço errado cadastrado, ou a lentidão para o parceiro fazer uma cotação, passa a ser objeto de monitoramento de todos na organização.

Pensar na tecnologia como parceira e como elemento essencial ao negócio será ainda mais decisivo nos próximos anos. E pode fazer a diferença para se sobressair em qualquer segmento, especialmente aqueles com atuação digital e que apostam em inovações. Monitoramento é apenas um pequeno aspecto neste mundo de desafios, mas com um grande poder de influenciar em uma cultura orientada aos negócios.

 

* Ricardo Clemente é formado em engenharia elétrica pela UFRJ, pós-graduado e possui mestrado em Ciências da Computação pela PUC – RJ. Com mais de dez anos de experiência em TI, é CEO da Intelie há sete anos.