Como levar o conceito STEAM para as salas de aula

Por Débora Garofalo

STEAM é conhecido como uma abordagem pedagógica que integra áreas e é baseada em projetos, tendo como objetivo formar pessoas com diversos conhecimentos para que desenvolvam diferentes habilidades, entre elas as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), trabalhando questões socioemocionais e preparando nossos alunos para os desafios futuros.

Criado nos Estados Unidos na década de 1990, STEAM é um acrônimo em inglês para as disciplinas Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), partindo da constatação de que há um desinteresse de alunos pelas ciências exatas.

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As atividades guiadas na metodologia STEAM permitem que os alunos resolvam problemas ao conectar ideias que pareciam desconectadas, beneficiando o aprendizado interdisciplinar e trazendo os estudantes para o centro do processo cognitivo. Nesse processo, eles exercem a colaboração e aprendem uns com os outros.

O professor nesta metodologia é bem atuante, sendo responsável por oferecer mediação e apoio aos estudantes, sendo parte também desse esforço colaborativo.

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A importância do STEAM no Foco Criativo

A adoção de STEAM nas escolas prevê a interdisciplinaridade de áreas do conhecimento para despertar a criatividade, inventividade, empatia, humanismo e o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à vida contemporânea, como o pensamento computacional e o espírito “faça você mesmo” da cultura maker.

A abordagem pedagógica pautada pelo STEAM tem potencial transformador na Educação e nas salas de aula, na medida em que aumenta o protagonismo do aluno, incentiva a inovação e colaboração fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem.

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É importante ressaltar que a chave para o sucesso na implementação de uma Educação inovadora é desenvolver um ambiente que permita a participação dos atores envolvidos, para que conheçam e que contribuam, dando-lhes a sensação de pertencimento e autoria.

A mudança de atitude deve partir de todos os atores da Educação para alcançar uma aprendizagem significativa e envolvente e o STEAM é um caminho para inovação dentro da sala de aula!

O STEAM incentiva a descoberta e pode ser utilizado em cinco etapas:

Através destas etapas, que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de um projeto, os alunos podem vivenciar e experienciar o pensamento cientifico e crítico de maneira interpretativa e reflexiva, por meio da ludicidade e ou provocações interdisciplinares aplicados desde Educação infantil ao Ensino Médio e em todas áreas do conhecimento, fortalecendo a integração entre as áreas do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades e competências, como a seguir:

Ao trabalhar com a metodologia, os alunos desenvolvem estas habilidades de forma interativa e autônoma, ao construir, criar, testar e solucionar problemas e interpretar suas próprias criações.

A atividade deve ser planejada para que os alunos se sintam desafiados a trabalhar de forma colaborativa, compreendendo o seu projeto e buscando alcançar:

A abordagem no STEAM favorece a aprendizagem por experimentação. Ao vivenciar a aprendizagempelas metodologias ativas, o aluno tem a oportunidade de lidar com Matemática, Ciências, Artes, Engenharia e Tecnologia de forma criativa, sem perder o foco investigativo.

Crédito: Getty Images

Levando o STEAM para as aulas

A investigação cientifica, o trabalho por projetos, uso da programação, da robótica, juntamente com o movimento maker, compõem parte das propostas do STEAM.

A adoção do modelo deve partir inicialmente da intencionalidade do professor: ouvir os estudantes e sistematizar essa escuta é fundamental para dar os primeiros passos e aprofundar essa metodologia. A seguir faremos um apanhado de como aplicar o STEAM nas aulas:

Espaço de Aprendizagem
O espaço de aprendizagem é o lugar para aceitar o desconhecido e o erro e para trabalhar colaborativamente, características que não são habituais no nosso dia a dia. O papel do professor é de mediador para permiti aos alunos aprender pela experiência. Neste novo ambiente de aprendizagem é necessário prezar pela relação humana e pela horizontalidade. A hierarquia se dá por reconhecimento e não por autoridade.

O espaço é regulado por dois valores: segurança e respeito. Os participantes das atividades devem entender que para uma convivência harmoniosa e produtiva, deve-se sempre cuidar dos outros, do espaço e de si mesmo. Assim, todos sabem qual a atitude necessária para o trabalho no ambiente e as intervenções do professor farão sentido para o aluno.

Busca-se sempre a autonomia a partir da empatia, criando vínculo com os alunos, reconhecendo o contexto de cada um, descobrindo o que tem sentido e significado para eles e ajudando a criar um ambiente propício para aprender. Ao ampliar seu horizonte de conhecimento, o aluno ganha autoconfiança e segurança para ousar, conquistando cada vez mais autonomia.

Transforme conceitos em aulas práticas
É importante que o professor olhe para o currículo e os conceitos que permeiam o conhecimento e possibilite aos alunos, através da resolução de problemas, trabalhar de forma prática. O professor deve permitir que os estudantes testem suas hipóteses através da educação mão na massa, o learning by doing, que é o aprender junto de forma prática, unindo os conceitos das áreas Ciência, Tecnologia, Artes, Engenharia e Matemática para resolver o desafio proposto.

Crie oficinas
Para dar inicio a essa abordagem em sala de aula, realize uma oficina com os alunos dispostos em grupos, leve um problema relacionando ao conteúdo a ser trabalhado e proponha aos estudantes que busquem a solução de maneira prática. Vale trabalhar com materiais de sucata e propor questões norteadoras e provocativas para que os alunos se envolvam nas atividades.

Problematize
As perguntas são essenciais para que os alunos avancem nas hipóteses e para que o professor possa mediar a aprendizagem. Esse momento deve envolver debates e intervenções para instigar os grupos a encontrar caminhos. O professor deve incentivar os alunos, sem dar respostas.

O desafio tem de ser interessante. Não leve respostas prontas, permita espaço para imaginação e criatividade, para que os estudantes produzam, testem e reflitam. Ao final, sistematize os conhecimentos de forma que os alunos se sintam motivados a compartilhar o que aprenderam. Pode ser através de um debate ou de apresentação.

Planejamento é bom
O planejamento é fundamental para o sucesso da abordagem pedagógica. Estabeleça roteiros e parcerias, já que a proposta é estabelecer um projeto integrado, que contemple etapas definidas, pesquisa com dados e produção e testes de aplicação.

Foque na integração de conhecimentos
É essencial equilibrar conhecimentos das cincos áreas! No desafio prático é importante explorar os conhecimentos das diferentes áreas do conhecimento.

Trabalhe com habilidades socioemocionais
O STEAM é um propulsor para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais por permitir que atividades sejam desenvolvidas em grupo, onde os papeis podem e devem ser revisados para que haja o fortalecimento do desenvolvimento de habilidades de cooperação, empatia, resolução de problemas.

É preciso também que estas atividades tenham objetivos claros, potencializando o ensino e abordando novas maneiras de trabalhar o currículo proposto, sendo um importante suporte para desenvolver competências essenciais ao mundo contemporâneo, como empatia, colaboração e habilidades socioemocionais.

Envolva os alunos em problemas reais
Para que os desafios façam sentido, é necessário que professor pense no contexto da aula. É essencial propor desafios reais aos alunos, para que eles possam atuar com problemas do entorno da comunidade escolar, levando e aplicando conceitos ao propor soluções. Eles devem se sentir motivados para atuar na sociedade e buscar respostas para questões que afetam sua comunidade.

E você, querido professor, como trabalha com a metodologia STEAM em suas aulas? Conte aqui nos comentários.

Um abraço,

Débora Garofalo é Assessora Especial de Tecnologias da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE SP) e professora da rede pública de ensino de São Paulo. Formada em Letras e Pedagogia, mestranda em Educação pela PUC-SP, vencedora na temática Especial Inovação na Educação no Prêmio Professores do Brasil e uma das dez finalistas do Global Teacher Prize, o Nobel da Educação.