REDES CORPORATIVAS: COMO SABER SE JÁ É HORA DE PARTIR PARA 4K?


24 de julho de 2019

Por Carolyn Heinze*

Embora o 4K esteja cada vez mais presente nas residências, muitos gerentes de empresas ainda se perguntam: vale a pena fazer a mudança agora? A resposta é: depende dos objetivos de sua organização. Se você trabalha numa produtora de vídeo, 4K é muito importante para mostrar conteúdos de qualidade. Mas se sua empresa ainda utiliza papel, PowerPoint ou coisas assim, ainda não é a hora.

As analogias são do especialista Tanoop Sungha, da Tech 4 Intuit, desenvolvedora de software em Londres. Outros técnicos que entrevistamos levantam mais aspectos a serem verificados na hora de fazer a migração de uma rede corporativa convencional para 4K. Sean Kennedy, CTS da Universidade Santa Clara, na Califórnia, reforça o argumento do PowerPoint: “A questão da resolução é crítica quando você está muito perto do conteúdo. Mas num auditório com apresentações convencionais, apenas com fotos e gráficos, não faz sentido pensar em densidade de pixels”, diz ele.

Pode, sim, fazer sentido num laboratório médico ou num estúdio de arte, onde se exige grande detalhamento das imagens. Ainda assim, é preciso analisar cada sala onde os conteúdos serão utilizados, Kennedy acrescenta.

 

Prefira 4K, mesmo que não vá usar de imediato

 

Um ponto que é sempre lembrado quando se fala em 4K é a ainda pequena oferta de conteúdos nativos para serem exibidos. Os especialistas consultados comentam que a transição da resolução SD para HD, dez anos atrás, teve impacto muito grande na indústria como um todo, algo que ainda não se percebe agora, na chegada do 4K.

No entanto, há também argumentos fortes para justificar a preparação da infraestrutura de uma organização para o futuro em 4K, como analisa Wes Simpson, consultor da operadora de telecom Orange, que trabalha principalmente no setor de transmissão. “Se você está comprando equipamentos hoje, ou uma nova geração de ferramentas de edição, deve se certificar de que são compatíveis com 4K”, orienta Simpson. “Só não precisa implantar isso de imediato. Vale a pena esperar até que faça sentido para todo o seu ecossistema”.

Se um gerente de tecnologia está comprando novos monitores, sem dúvida devem ser 4K; idem para itens de rede, que devem ter conectividade mínima de 1 gigabyte; no lado da produção, é bom pensar em rede de 10 ou 25Gbps, se você pretende futuramente ter conteúdo 4K com qualidade de broadcast.

A transição para 4K é um processo complexo, e é provável que cause interrupções no fluxo de trabalho. Como minimizar essas interrupções? Testando os novos sistemas em um laboratório antes de implantá-los no local, dizem os experts com quem conversamos. “Se você planeja implantar uma rede com 24 portas 4K, realmente precisa testar se todas elas vão estar simultaneamente enviando e recebendo áudio e vídeo”, orienta Mathew Slack, da integradora CIBC, de Toronto. “Alguns switches de rede no mercado não oferecem esse recurso, então é necessário buscar outros”.

 

HDR é mais importante do que 4K

Simpson lembra ainda que, durante a transição, pode ser necessário produzir duas versões diferentes dos conteúdos armazenados na rede da empresa. Ele cita o exemplo das emissoras de TV durante o processo de transição para alta definição. “Isso é especialmente importante para empresas com funcionários remotos, muitos dos quais estão se conectando em hotéis durante viagens de negócios. Em um quarto de hotel, você não poderá obter um canal dedicado de alta largura de banda para suportar conteúdo em 4K”.

Outra consideração importante é HDR (High Dynamic Range), o padrão que trabalha com níveis mais alto de luminosidade e intensidade das cores. Há aplicações em que esses fatores são até mais importantes do que a densidade de pixels. “Melhores cores resultam em mais satisfação para o espectador do que ver mais pixels na tela”, diz Simpson, lembrando que isso vai exigir adaptações também nos sistemas de produção, edição e armazenamento dos conteúdos.

*Artigo publicado originalmente no AV Network. Clique aqui para ver o original na íntegra. Tradução: ENZO MOTA