INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CRIA ‘MODELO NETFLIX’ NA EDUCAÇÃO


13 de fevereiro de 2019

Por Rob Lipps*

Pense em uma sala de aula tradicional: dezenas, talvez centenas de alunos estão ouvindo um professor e tentando acompanhar o raciocínio com suas anotações. Eles certamente perderão algo importante no processo, e terão pouca interação com o professor ou outros estudantes.

Não me entenda mal, esse modelo não é ruim. Há um tempo e lugar para isso, e ainda funciona muito bem em algumas classes. Mas o futuro da aprendizagem é centrado no aluno e rico em tecnologia. As escolas podem realmente aprender muito com a Netflix. Pode parecer uma afirmação boba, mas aqui está o porquê.

Pense no que acontece quando você assiste Netflix. Gosto de assistir a documentários, séries originais e comédias. Terminei recentemente o documentário Somm, além do filme Somm: Into the Bottle, que o acompanha. Você deve ter adivinhado que, ultimamente, comecei a ver outros filmes e documentários sobre vinhos aparecendo nas minhas pesquisas. Porque eles são sugeridos com base no que a Netflix acha que eu gosto – acho que não está muito longe da realidade, uma vez que a maioria parece interessante!

Tudo isso apenas para dizer que quanto mais uso Netflix, mais inteligente fica o serviço, conhecendo mais sobre minhas preferências e fazendo sugestões sobre o que devo assistir a seguir.

Agora, pense em termos de ensino superior – o futuro da aprendizagem irá considerar as preferências dos alunos, como e quando eles querem aprender e em qual dispositivo. Os estudantes nativos digitais de hoje ainda desejam uma experiência tradicional de desenvolvimento universitário, mas as instituições precisam descobrir como isso funciona num mundo de ritmo acelerado. Tecnologias como streaming de vídeo têm uma capacidade incomparável de fornecer informações onde e quando os estudantes querem.

Inteligência Artificial para a geração Z

Uma pesquisa recente da Mediasite e da University of Business revelou um enorme potencial no ensino superior para a inteligência artificial oferecer à geração Z um ‘modelo Netflix de aprendizado’, usando IA para sugerir vídeos relevantes e criar listas de reprodução personalizadas. Os especialistas entrevistados indicaram que:

– 66% pensam em usar IA para melhorar as informações dos alunos (visualização de vídeo, notas, hábitos de estudo, inscrição no curso, ajuda financeira, atividades extracurriculares, etc.) e personalizar a aprendizagem.

– 44% pensam em usar IA para recomendar vídeos e informações com base nos interesses dos alunos.

De acordo com um artigo da Forbes, a geração Z tem uma janela de atenção de 8 segundos e pode manusear mais telas que qualquer outra geração anterior. Apenas 8 segundos – isso é tempo suficiente para amarrar o cadarço, levantar e abaixar um guarda-chuva, inserir seu cartão de débito e digitar a senha.

Portanto, considerando o fato de que os alunos estão sempre pulando rapidamente de uma coisa (e dispositivo) para outra, é importante mantê-los ativamente envolvidos na aula. Usando IA e o modelo Netflix, os alunos podem assistir a mais palestras em um curto período, reduzindo o tempo de busca e aumentando a oportunidade de aprender mais, mais rápido.

Você tem muitos vídeos acadêmicos… mas, será que eles são acessíveis? Estamos vendo professores e alunos assistirem a vídeos do Mediasite mais de 50 milhões de vezes por ano. Isso significa que a necessidade de pesquisar e indexar todo esse conteúdo nunca foi tão grande.

Escolas de vários países registraram melhora de até 100% nos resultados dos exames após a implantação da captura de vídeo em salas de aula.

É imperativo que todos os vídeos criados nas salas de aula sejam inteligentes, dinâmicos e estejam seguros em portais de vídeo, com base nas preferências do espectador. Equipadas com aplicativos de inteligência artificial como IBM Watson speech-to-text, as instituições têm vídeos mais acessíveis e insights mais profundos do que nunca sobre as informações dos alunos.

Essa pesquisa da Business University encontrou uma grande demanda para indexar vídeos acadêmicos para garantir acessibilidade e criar conteúdo que pode ser 100% pesquisado. A pesquisa revela que:

– 90% dos entrevistados acreditam que os alunos atuais e futuros desejarão vídeos acadêmicos sob demanda facilmente acessíveis.

– 42% disseram que é difícil para o corpo docente e os alunos encontrarem vídeos relevantes.

– 67% disseram que seria mais útil usar IA para sugerir vídeos relevantes e criar playlists, seguido por 58% que desejam organizar vídeos por palavra-chave; e 56% que querem automatizar a transcrição speech-to-text (leitura para escrita) nos vídeos.

– Apenas 18% indicaram que já utilizam speech-to-text para criar conteúdos mais acessíveis, com 29% pensando nisso para o futuro.

Qual é a conclusão para os estudantes e as universidades? Em geral, todos – não apenas estudantes – usam habitualmente vídeos para aprender. Isso fica muito claro com o YouTube, por exemplo, que recebe mais de 30 milhões de visitantes por dia. Há uma tonelada de conteúdo instrucional, por exemplo, “como consertar um pneu furado”, “teoria das cordas em menos de 2 minutos”.

Isso indica que estamos aprendendo com vídeos mesmo quando não pensamos nisso como “educação”. Além disso, o vídeo precisa desempenhar um papel ainda maior na experiência da sala de aula. É comprovado que a exibição de vídeos aumenta a retenção do conteúdo e as notas dos alunos.

Por exemplo, a University of the Free State na África do Sul viu as taxas de aprovação saltarem de 26% para 100% em algumas escolas secundárias rurais depois de incorporar palestras em vídeo. Uma pesquisa com estudantes da escola de Odontologia da Universidade de Maryland mostrou que 92% deles sentiram que o vídeo facilitou o aprendizado – 96% disseram que assistem mais aulas online. Uma escola de medicina no Japão viu os resultados dos exames melhorarem para quase 100% após a implantação da captura de vídeo em suas salas de aula.

Conhecemos o uso de vídeos em trabalhos de aprendizagem, e o modelo Netflix é o próximo passo. O vídeo, combinado com IA para indexar, pesquisar e gerar dados valiosos sobre os alunos, tem o grande potencial de ajudá-los a aprender com mais eficiência e os instrutores a personalizar o aprendizado.

*O autor é vice-presidente do Mediasite. Para acessar o texto original, clique aqui.