Quando 5G e áudio & vídeo se encontram


14 de junho de 2018

Por Matt Pruznick*

O advento da tecnologia 5G com certeza irá revolucionar o modo como muitos mercados utilizam a internet. De tratores autônomos e sistemas de irrigação inteligente no agronegócio a bilhões de sensores em nossas casas e escritórios, essa revolução clama por uma rede poderosa e onipresente. Mas permanecem dúvidas entre os profissionais da área.

Hoje, as empresas deliberadamente instalam backbones de maior capacidade do que aquilo que de fato necessitam, seja em configuração 1Gb ou 10Gb, para trafegar sinais 4K em redes locais. As redes 10Gb são vistas como um investimento à prova de futuro naqueles ambientes com alto consumo de banda.

Mas, segundo Joe Cornwall, profissional com certificações CTS-D e CTS-I da InfoComm e evangelista dos sistemas de rede na Legrand, a próxima geração de equipamentos irá oferecer capacidade ainda maior do que é essa. “O interessante no 5G é que poderemos alcançar a faixa de 20Gb por uma simples rede de celular”, diz ele, que no entanto tem dúvidas sobre a viabilidade desses sistemas. “Ainda nem chegamos ao potencial máximo do 4G na maioria das aplicações”, admite.

Em sua avaliação, isso significa a possibilidade de trafegar pela rede até mesmo conteúdos de altíssima qualidade. “E ficaríamos livres das conexões físicas, com exceção, talvez, dos cabos de força”.

À primeira vista, parece um sonho para os gerentes de facilities: não terão mais que se preocupar com a infraestrutura, já que a conectividade não dependerá de cabos. Mas Cornwall adverte: não é tão simples. “Você entra numa grande universidade, ou num hospital, por exemplo, e logo percebe como é difícil fazer uma simples ligação por celular. Será um tremendo desafio trafegar sinais de tão alta frequência… teremos que repensar até mesmo o que significa uma antena para aproveitar a conexão 5G nesse tipo de aplicação”.

Para muitas corporações, existe uma grande preocupação que complica todo esse esforço: a segurança. “Uma rede 5G é uma rede pública, ou seja, se é preciso manter a rede segura a velocidade dos dados não será muito útil. 5G nunca será tão seguro quando nossas atuais redes LAN, que podemos controlar de ponta a ponta”.

Por todos esses motivos, o especialista acredita que em menos de uma década a tecnologia 5G não terá grande impacto no segmento AV. No entanto, ele enxerga grande potencial no uso de 5G para aplicações que chamada de “semi-seguras”, como as de digital signage. A conexão 5G apresenta latência ultra baixa, facilitando sua adoção, por exemplo, em sistemas de reconhecimento facil e outros que possam ser customizados ao usuário através de técnicas de geofencing.

Um bom exemplo, acrescenta Cornwall, seria um espaço como aquele mostrado no filme Minority Report, com Tom Cruise. “Se tenho um sistema de digital signage capaz de reconhecer seu smartphone, a rede 5G permitirá identificar também você; e ‘chamar’ vídeos, imagens ou até anúncios publicitários com base em seu perfil nas redes sociais; e dar a você uma experiência realmente personalizada em termos de informação e comunicação”.

Embora esse conceito de comunicação em duas mãos não seja novo, a tecnologia 5G pode propiciar sua propagação em todo tipo de local, continua o especialista. Acrescentando um painel solar ou gerador eólico, por exemplo, esses dispositivos não precisarão de nenhuma conexão física, abrindo a possibilidade de edifícios e até cidades oniscientes; Cornwall só espera que não seja no sentido dado por George Orwell em seu livro 1984. “Estamos quase tendo que perguntar a um filósofo para saber como tudo isso irá mudar nossas vidas”, finaliza.

 

*Texto publicado originalmente no site AV Network. Clique aqui para ver na íntegra, em inglês.