TENDÊNCIAS PARA 2018: INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ APENAS COMEÇANDO


19 de janeiro de 2018

Por Kriti Sharma*

2017 foi um ano de grande destaque para a Inteligência Artificial (IA). Apesar das repetidas tentativas de distorcer a tecnologia, pudemos testemunhar ganhos sem precedentes na compreensão geral das tecnologias impulsionadas pela IA. As pessoas começaram a entender o impacto das aplicações baseadas em IA no dia a dia de suas vidas.

Mas ainda há muito trabalho a ser feito. Para muitos, a mecânica e os processos de tomada de decisão por trás dessas inovadoras tecnologias continuam sendo um mistério. Minha expectativa é que a IA vai evoluir e se destacar ao longo do ano:

#1: IA de aparência humana desaparecerá lentamente
Felizmente, em 2018 o setor de inteligência artificial vai começar a se afastar do desenvolvimento de tecnologias semelhantes à de estruturas físicas humanas. Como vimos o caso do robô ultrarrealista Sophia – que recebeu cidadania da Arábia Saudita e, em depoimento a um jornal local, disse querer ter um filho – fazer IA parecer mais humana e tentar fazê-la comportar-se como tal acaba, na verdade, prejudicando seu progresso. Veremos uma mudança significativa à medida que IA se torne cada vez mais integrada às plataformas e tecnologias utilizadas para, por exemplo, localizar registros públicos, avaliar experiências de clientes, gerenciar suas finanças e aprender.

#2: O setor de IA priorizará a solução dos maiores problemas
Ainda não estamos usando a inteligência artificial para resolver os maiores problemas que o mundo enfrenta. Em vez disso, a maioria das aplicações atuais para empresas e consumidores foca em problemas de nichos, em pequena escala. Claro, um algoritmo de pesquisa pode encaminhá-lo para o melhor dentista de Paris. Um assistente inteligente pode ajudá-lo a reservar uma sala de reuniões. Um assistente de voz pode ajudá-lo a descobrir um gênero de música que você nunca soube que existia. Mas é esse realmente o uso mais eficaz da IA? As tecnologias atuais já possuem potencial para enfrentar problemas muito mais complexos, como gerir toda uma força de trabalho e resolver o problema das mudanças climáticas. Minha estimativa é que, ao longo de 2018, empresas de todos os setores comecem a implantar tecnologias de IA para solucionar os problemas mais complexos e significativos.

#3: IA e os humanos perceberão que trabalhar juntos produz melhores resultados
Muitas vezes, os relatórios sobre inteligência artificial e seu impacto no mercado de trabalho provocam um pânico desnecessário. Muitos temem que os avanços em IA possam impactar futuras oportunidades e locais de trabalho, além dos talentos. Embora algumas funções serão inevitavelmente substituídas por tecnologias de IA, a realidade é que a maioria vai evoluir para incorporar IA – e coexistir com ela – visando maximizar os benefícios para as empresas. Como resultado, vamos ver empresas começarem a estabelecer programas de retenção visando a educação de seus funcionários não técnicos acerca de como efetivamente trabalhar com IA.

#4: Haverá maior ênfase na adoção da IA pelo consumidor
O setor de inteligência artificial vai se esforçar para estabelecer confiança junto aos consumidores e garantir que se sintam confortáveis ​​com produtos e serviços baseados na tecnologia. Todo esse contato se dará em uma linguagem simples, de modo que as pessoas comuns possam entender. Se pudermos deixar os consumidores mais confortáveis ​​com IA, poderemos contribuir para a solução de preocupações éticas e técnicas generalizadas, bem como maximizar a sua adoção.

#5: A segurança cibernética utilizará IA para enfrentar ameaças sofisticadas
Enquanto Hollywood adoraria que acreditássemos que uma tecnologia hackeável possa resultar em robôs se apoderando do planeta, os engenheiros começarão a de fato abordar esses problemas nos níveis de dados e algoritmos com IA. Até hoje, as habilidades dos hackers ultrapassaram a capacidade do setor de segurança cibernética de proteger tecnologias vulneráveis. Para solucionar essa discrepância, gigantes tecnológicos como Facebook, Google e Amazon buscarão parcerias com startups e pesquisadores acadêmicos das principais instituições para criar segurança baseada em inteligência artificial. Em última análise, essas colaborações ajudarão a produzir sistemas capazes de monitorar, identificar e prevenir hackers.

Conversas ​​se transformarão em ação
Neste ano, acredito que o setor de inteligência artificial continuará evoluindo e dando passos significativos para se tornar dominante. Mais pessoas se familiarizarão com as nuances e as complexidades da tecnologia, e o número de aplicações continuará aumentando nas empresas e expandindo para novos setores. Enquanto isso, o setor de IA será forçado a assumir a tarefa de aumentar a transparência e a responsabilidade em relação a essas aplicações. Veremos parcerias mais sólidas se formando nessa área, bem como entre os setores privado, público e acadêmico.
No ano passado, o setor estimulou uma discussão global em torno da importância de desenvolver uma Inteligência Artificial ética, imparcial e responsável. Agora, o momento é de converter essas discussões em ações tangíveis. Os líderes setoriais darão prioridade à implantação de tecnologias para enfrentar os problemas mais urgentes, democratizando as ferramentas de desenvolvimento de IA, liderando as estratégias de auto-regulamentação e comunicando eficazmente ao consumidor o potencial incomparável dela. 2018 certamente será um excelente ano para a IA.

*Kriti Sharma é vice-presidente de IA da Sage Group, fornecedora global de sistemas integrados de contabilidade, folha de pagamento e pagamentos. A executiva também é a criadora do Pegg, o primeiro assistente inteligente de IA do mundo que administra tudo, de dinheiro a pessoas, com usuários em 135 países.