DESCOBRINDO OS PODERES DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA EDUCAÇÃO


14 de dezembro de 2020

 

Por Dan Ayoub*

A Inteligência Artificial (IA) já exerce grande influência na educação atual, e as implicações são muitas. IA tem potencial para transformar nosso sistema de ensino, ampliar a competitividade entre as instituições e dar mais poder a professores e estudantes em todas as suas capacidades.

As oportunidades são tão amplas que recentemente a Microsoft encomendou pesquisa a respeito junto ao IDC, para entender como a empresa pode ajudar. Os dados obtidos ilustram a natureza estratégica da IA na educação e a necessidade de tecnologias e habilidades específicas para transformar em realidade o que hoje é promessa.

A pesquisa mostrou que já é de 99,4% o percentual de educadores que consideram IA fundamental para a competitividade de suas instituições de ensino nos próximos três anos. E 92% dos entrevistados disseram que já começaram a experimentar essa tecnologia.

Por outro lado, muitas instituições ainda se ressentem da falta de uma estratégia formal de dados, ou de medidas práticas para avançar em suas capacidades de IA, o que continua sendo um fator inibidor. Essa conclusão indica que, embora a maioria dos líderes entendam a necessidade de uma estratégia para IA (veja este vídeo), eles ainda não têm clareza sobre como fazê-lo. E provavelmente nem sabem por onde começar.

David Kellermann foi o pioneiro no uso de IA na sala de aula. Na Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, ele montou o que foi chamado de question bot: uma plataforma online que responde a perguntas dos alunos e exibe vídeos de aulas anteriores (veja aqui como funciona). Na plataforma, as questões dos estudantes podem aparecer sinalizadas para quem o professor ou um de seus assistentes respondam. E mais: o serviço vai melhorando cada vez que uma nova pergunta é formulada e respondida.

Kellermann começou a transformar sua sala de aula com um simples laptop Surface, da Microsoft. Acrescentou aplicativos como Teams para facilitar a colaboração entre os estudantes; o bot de perguntas foi montado a partir da plataforma Microsoft Power; e ele criou no site um painel (dashboard) que mostra as notas dos estudantes em cada prova, incluindo blocos personalizados com base no aproveitamento deles.

O projeto de Kellermann demonstra um princípio fundamental para organizações em qualquer setor de atividade que queiram trabalhar com IA e machine learning – saber por onde começar, pequeno no início, e ir adicionando capacidades ao longo do tempo. O potencial de aplicações é tão vasto que até mesmo organizações sofisticadas podem se atrapalhar querendo fazer muito em pouco tempo. Em boa parte dos casos, basta ter uma meta baixa e ir construindo a partir dali.

Como um projeto IA cresce gradualmente e vai se tornando sofisticado, também é importante ter acesso a experts que possam navegar pela tecnologia. Esse é um foco nosso na Microsoft – dar suporte a instituições de ensino e suas classes. Já vimos os esforços de algumas instituições, mas sabemos que ainda há muito a ser feito.

Nos próximos anos, o impacto da IA poderá ser sentido de diversas maneiras – gerenciamento de operações e processos, programas de eficiência baseados em dados, redução do consumo de energia em edifícios inteligentes, modernização das escolas com ambientes de aprendizado mais seguros.

Mas o maior impacto pode estar no potencial de mudar a forma como os professores ensinam e os alunos aprendem, ajudando a maximizar o rendimento dos estudantes e a prepará-los para o futuro.

Ferramentas de inteligência coletiva estarão disponíveis para que os professores percam menos tempo com tarefas burocráticas, podendo assim dedicar-se mais aos alunos. IA pode ajudar a identificar deficiências dos estudantes através de análises comportamentais e dar a eles um impulso na direção certa.

Os educadores também terão condições de ampliar a inclusão, por exemplo, através da tradução baseada em IA, que permite a mais estudantes de origens diversas participarem de uma aula ou ouvirem uma palestra. A Escola de Estudos da Informação, da Universidade de Syracuse (Nova York), desenvolveu um projeto de “aprendizado experimental” para estudantes, além de criar o website Our Ability, que auxilia pessoas com deficiência a obter empregos.

As escolas também pode usar IA para oferecer uma experiência de aprendizado verdadeiramente personalizada, superando assim uma das maiores limitações de nosso atual modelo de educação massificada. O sistema de Kellermann na Austrália mostra que a tecnologia para isso já existe.

*Artigo publicado originalmente no site Technology Review, do MIT. O autor é gerente geral de Educação na Microsoft. Para ler o original na íntegra, clique aqui. 

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