ENSINO PRESENCIAL OU ONLINE? O QUE DIZEM OS DADOS


8 de setembro de 2020

Por Erik Ofgang*

Justin Reich, diretor do laboratório de sistemas de ensino do MIT, está lançando um livro intitulado Failure to Disrupt: Why Technology Alone Can’t Transform Education (“Fracasso na ruptura: por que a tecnologia sozinha não é capaz de transformar a educação”. Reich é um dos pesquisadores que questiona o uso intensivo de recursos tecnológicos nas escolas, argumentando que isso acaba encobrindo problemas inerentes aos métodos de ensino.

Segundo ele, os estudos realizados nos últimos dez anos indicam que é possível oferecer ensino de qualidade independente das mídias utilizadas, mas essa é apenas parte da explicação. Reich defende mais pesquisas empíricas, randomizadas, que incluam a observação de grandes grupos de estudantes.

E aponta uma das conclusões desse tipo de pesquisa: a chamada “punição virtual” (online penalty): “Muitos estudantes rendem menos online e têm menos chance de passar nas provas”, diz ele, explicando que esse risco é mais sério com aqueles que não tiveram uma boa base educacional anterior.

Em várias instituições americanas, o dilema entre ensino presencial e remoto é reconhecido pelos gestores, e a ajuda tecnológica vem se demonstrando importante na atual fase da pandemia. Na Post University, de Connecticut, com 13 mil alunos, a reitora Elizabeth Johnson reconhece que tem sido mais fácil manter o engajamento das aulas no modelo presencial. “Na educação online é mmuito fácil desistir”, diz ela. “Ninguém tem que se envergonhar em sair da sua sala até o carro onde papai e mamãe estão esperando. É quase tão fácil quanto fechar seu laptop e não atender mais as ligações da faculdade”.

 

ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO E FINANCEIRO

 

Para impedir as desistências, a Post investiu no suporte emocional aos alunos. Foi criado um portal que fornece a eles orientações relevantes sobre saúde mental, técnicas para combater o estresse e eventos no campus. Há até um serviço de aconselhamento online 24 horas por dia, incluindo apoio psicológico, financeiro e jurídico aos alunos e suas famílias. E também uma simulação da biblioteca, em formato cartoon, onde os estudantes podem participar de chats de vídeo com os colegas.

O tradicional esquema de horários da Post para as atividades presenciais não pode mais ser aplicado às aulas remotas, porque os estudantes estão conectados o tempo todo, inclusive à noite e aos fins de semana. “Eles precisam das respostas a qualquer momento”, diz a reitora, que firmou parcerias com empresas que ajudar a manter as conexões full-time e a fornecer as orientações solicitadas pelos estudantes e seus familiares.

 

5 ESTRATÉGIAS NA COMUNICAÇÃO ONLINE

1.Postar e enviar emails regulares sobre as atividades da semana. Devem ser mensagens agradáveis, e se possível personalizadas, como que representando interações presenciais. Melhor ainda se foram mensagens em vídeos curtos.

2.Nas aulas online, introduzir mais interações que sigam após o período de aula. Exemplos: fóruns de discussão sobre determinado tema, ou uma tela do tipo “pergunte ao professor”.

3.É importante que o professor fale diretamente com cada aluno pelo menos uma vez por semana – ou a cada 15 dias no caso de classes grandes. Pode ser via telas de discussão, emails ou chamadas de voz ou vídeo. Esse contato significa muito num ambiente virtual, pois são raras as chances do aluno se conectar à escola.

4.O professor deve ser proativo ao procurar o aluno que costuma faltar ou que de repente deixa de assistir às aulas. É muito fácil se desconectar do curso online, fazendo de conta de que a escola não está preocupada com você. Às vezes, uma simples ligação pergunta se está tudo bem e oferecendo ajuda pode trazer o aluno de volta.

5.Se um estudante precisa de suporte, nunca se deve simplesmente enviar um link ou um número de telefone para ele procurar. O professor pode falar com ele pessoalmente e, se for o caso, encaminhá-lo a outro profissional da escola. Isso o fará sentir-se importante e bem apoiado.

*Repórter do site Tech&Learning University. Clique neste link para ver o original na íntegra.

 

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