Pro AV e o avanço da tecnologia de Drones


6 de junho de 2016

drone_abre

Por Matthew Brennesholtz* 

Em seminário realizado no dia 19 de maio em Nova York, especialistas discutiram o enorme avanço das tecnologias denominadas UV (unmanned vehicles), os conhecidos drones, e suas variadas aplicações no mercado de Pro AV. Fred Bivetto, ex-piloto da Força Aérea dos EUA e hoje instrutor da UVU (Unmanned Vehicle University), disse que já foram identificadas mais de 300 aplicações nessa área. Em apenas uma hora de apresentação, ele não teve tempo de mencionar todas elas, mas algumas chamaram atenção:

agricultura

*O agronegócio é hoje o quarto maior mercado mundial para drones, mas o uso desses dispositivos está crescendo rapidamente. Uma das utilidades é a captação de imagens multiespectrais (ou hiperespectrais) para avaliação de grãos. Essa técnica permite analisar com rapidez a saúde dos produtos e detectar problemas como infestações de pragas. Os drones podem ajudar na aplicação de pesticidas em áreas específicas, enquanto tratores, helicópteros e veículos convencionais só conseguem fazê-lo em campos inteiros. No setor químico, isso é chamado “agricultura de precisão”. Mais detalhes aqui.

*Inspeções com drones podem ser executadas, em vários campos da indústria, de forma muito mais rápida e segura, e a custo mais baixo. Um exemplo é a construção e manutenção de pontes rodoviárias ou tubulações que atravessam montanhas, o que atualmente é feito quase sempre por humanos. Drones ligados a equipamentos de áudio e vídeo podem ainda ser mais eficientes na inspeção de torres de energia, turbinas eólicas, monumentos e redes de água, gás etc.

*Estudos de campo em geral são outra especialidade que pode se beneficiar enormemente do uso de drones. Quando acoplados a câmeras e sensores 3D, esses aparelhos conseguem mapear locais remotos em detalhe, com resolução de centímetros. Isso simplifica os cálculos para construção de casas, edifícios, fábricas, usinas, estradas etc., incluindo a checagem de linhas de visão, fundamental, por exemplo, na montagem de torres de comunicação.

*Atualmente, a fotografia aérea é a aplicação mais comum dos drones. Isso inclui desde eventos simples, como casamentos, até filmagem de cinema profissional.

drone_lidar2Segundo Bivetto, um drone é, na verdade, apenas parte do equipamento UV de áudio/vídeo, e não a parte mais importante. O item essencial, diz ele, é o sensor instalado no drone. Pode ser uma microcâmera, um processador de imagens espectrais ou algo do tipo LIDAR (Light Detection and Ranging). Essa última tecnologia – o nome surgiu da união entre as palavras light e radar – utiliza dispositivos ópticos para iluminar determinada área ou objeto e calcular a distância percorrida. Possui inúmeras aplicações em física, astronomia, geologia, arqueologia e outros campos de atividade.

Drones de maior porte podem carregar múltiplos sensores, inclusive controlando seu direcionamento através de suportes e lifts do tipo gimbal. A segunda parte do drone é a que permite seu controle a distância. Mas esta é muito simples, quase como um smartphone. Só que, em aplicações mais complexas, aumentam também as exigências de controle, com o uso comum de caminhonetes como aqueles das equipes de televisão. Já existe até uma SUV (modelo Sprinter, da Mercedes-Benz) que é vendida equipada com esses recursos.

Normalmente, três pessoas são necessárias, no mínimo, para operar um drone a partir de um veículo desses. A primeira é o que se chama “piloto”, encarregado de controlar os movimentos do drone. A segunda seria o operador de sensor, que cuida de apontar, fazer zoom e acionar o sistema; em aplicações como coberturas de TV, esse seria o camera-man. A terceira pessoa é um representante do cliente, como o diretor de um filme.

O sistema completo de drone em Pro AV inclui ainda a parte de armazenamento e análise dos dados colhidos pelos sensores. Para produções de cinema e vídeo, costuma-se utilizar uma versão sem fio do padrão HDMI, capaz de transmitir os conteúdos em tempo real para o operador em terra. Mas isso somente em resolução HD (2K). Se forem necessárias imagens em UHD (4K), o próprio drone deverá ter um sistema de armazenamento; mais tarde, os operadores de pós-produção fazem o download do material captado.

Segundo os especialistas que participaram do seminário, o drone propriamente dito responde por apenas 10% do custo total do equipamento. Devido a mudanças recentes no regulamento da agência federal de aviação dos EUA (FAA), o uso civil de drones no país vem crescendo muito desde sua implantação, em 2015; veja como está a situação no Brasil. Estima-se que, em 2017, esse segmento será maior, em termos financeiros, do que o próprio setor militar. O potencial do mercado hobista é considerado muito maior, com a estimativa de serem vendidas mais de 100 mil unidades até lá.

A maior parte dos estudiosos acredita que os benefícios do uso de drones são altamente compensadores, incluindo uma redução de 10x no custo dos sistemas. É por isso que seu uso em aplicações AV é defendido e incentivado. Não por acaso, a FAA informa que está demorando a conceder as autorizações necessárias, “devido ao alto volume de solicitações”.

*Artigo publicado no site Display Daily. Clique aqui para ver o original, na íntegra.