Sinalização Digital: Interatividade traz uma nova revolução


6 de abril de 2016

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Por Richard Slawsky*

A capacidade de interagir com displays digitais é hoje um dos principais fatores de atração dos usuários.

Com a popularização de tablets e smartphones, as pessoas cada vez mais se acostumam a tocar as telas com naturalidade, e isso em todo tipo de tela que encontram. E a principal tendência nos sistemas de sinalização digital está justamente na interatividade, ou a possibilidade do display exibir conteúdos relevantes e – ao mesmo tempo – receber comandos do usuário.

Um estudo publicado em 2015 pela consultoria Markets and Markets, o segmento de displays interativos deve crescer a uma taxa de 12% até 2020, atingindo a casa de US$ 14,96 bilhões. Note-se que o setor de sinalização digital como um todo é estimado em US$ 23,76 bilhões. Além disso, o conceito de interatividade é mais amplo, segundo um outro estudo da Gartner: existem hoje 4,9 bilhões de dispositivos conectados; daqui a cinco anos, serão 26 bilhões!

Isso tem a ver, é claro, com a expansão da chamada Internet das Coisas (IoT), mas o uso de displays interativos vem aumentando em todas as verticais analisadas. Nos segmentos de varejo, transporte e hospitality, por exemplo, a interatividade visual já é utilizada para receber pedidos, dar assistência ao cliente e servir de guia a viajantes. Áreas como educação, saúde, indústrias e defesa, esse tipo de display ajuda a dar treinamento, tratar de pacientes etc.

Com as tecnologias disponíveis atualmente, é possível planejar a adoção de recursos audiovisuais combinando diversas formas de interação com os usuários. Estamos falando de:

  • Dispositivos de toque (touch);
  • Passagem de cartões (swipe);
  • Comandos de voz;
  • Acionamento por gestos;
  • Comunicação codificada (código de barras ou infravermelho);
  • Localização geográfica (GPS)

Um exemplo recente pode ser conferido no aeroporto de São Francisco. Ali, a empresa Omnivex instalou uma nova geração de quiosques eletrônicos em que os passageiros podem ser guiados simplesmente tocando na tela. Ao indicar seu destino, o display exibe o local do aeroporto aonde ele deve se dirigir, incluindo a melhor rota para chegar rapidamente e os respectivos horários de vôos.

Espaços públicos como esses, onde há milhares de usuários simultâneos, estão se tornando ideais para o uso de sinalização interativa. Nos congestionados corredores de um shopping, por exemplo, os visitantes podem se orientar melhor através dessas telas, incluindo serviços de reserva imediata: enquanto caminha do estacionamento até a praça de alimentação, você já pode ir fazendo seu pedido e garantindo seu lugar no restaurante ou no cinema.

Em Nova York, a Build-a-Bear montou algo como a “loja do futuro” para aumentar a interação das crianças com sua enorme variedade de brinquedos. Ao entrar, elas se deparam com pequenas estações audiovisuais em que a ordem é touch-and-play: ao tocar na tela, a criança desenha os ursinhos como quiser; as estações são posicionadas numa sequência que conduz até o local da compra. Ao chegar ali, a criança já está totalmente envolvida com os personagens que viu nas telas. “Aumentamos as vendas entre 20% e 30%”, diz Peter Rivera, diretor da empresa Infusion, que desenho o projeto.

As possibilidades vão se revelando praticamente infinitas. Num restaurante, o menu digital pode ser configurado para destacar bebidas quentes quando a temperatura está muito baixa (e vice-versa); numa loja de óculos, os displays podem promover ofertas com base na previsão do tempo: se é um dia de sol, aparece uma promoção com belas imagens de óculos escuros.

Conforme o uso da tecnologia, já é perfeitamente possível transformar toda uma área de circulação. Foi o que aconteceu no Air Canada Centre, em Toronto (Canadá), local projetado, em 2009, para ser uma exposição de temas ligados à aviação. Com o tempo, tornou-se um espaço multiuso, adotando avançadas técnicas de projeção mapeada e de iluminação automatizada.

“Mais importante do que os equipamentos em si é a experiência do usuário”, diz Doug Bannister, diretor da Omnivex, que conduziu esse projeto. O local é sempre o mesmo, mas pode ser customizado de acordo com o evento – os dois clubes mais populares da cidade (o Raptors, de basquete, e o Maple Leaf, de hóquei) estão entre as principais atrações em dias de jogo.

A instalação partiu de 52 computadores que distribuem conteúdo a 360 displays espalhados pelo local, com tamanhos entre 32 e 82 polegadas. Lances das partidas são transmitidos ao vivo, com conteúdos especiais preparados para as comemorações da torcida na hora dos gols e das cestas. Evidentemente, os patrocinadores são estimulados a explorar ao máximo as possibilidades interativas do sistema.

Com o advento da internet das coisas, essas possibilidades se ampliam ainda mais, pois o equipamento central pode receber sinais também de fontes externas. Para isso, é necessário um sistema eficiente de gerenciamento dos conteúdos, tanto os que entram quanto os que são exibidos em cada display – uma facilidade dessa configuração é a distribuição de vários sinais simultâneos, controlados via software.

O próximo passo nessa evolução é permitir a interação dos displays com os dispositivos pessoais de cada usuário. Será uma nova revolução dentro do conceito de interatividade, pois a análise eficiente de dados do consumidor (big data) irá determinar quais conteúdos deverão ser exibidos conforme o perfil de quem se aproxima. Se este possui um cupom de comprar, por exemplo, o sistema irá detectar essa informação e exibir na tela mensagens relacionadas a isso.

Na verdade, isso já é possível em parte: digitando códigos na telinha do smartphone, ou mensagens curtas, ou simplesmente baixando um aplicativo, pode-se ter acesso aos chamados beacons, que são pontos de comunicação sem fio previamente instalados no local. Em breve, nem será preciso fazer nada: o sistema irá se comunicar de alguma forma, queira você ou não! 

*Publicado originalmente no Digital Signage Today