Evoluir ou morrer: qual o caminho da TV aberta?


22 de março de 2016

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Por Carla Dórea Bartz*

O que Charles Darwin, autor de teorias que mudaram os paradigmas das ciências biológicas, diria a executivos e engenheiros da TV Aberta neste momento de intenso desenvolvimento tecnológico e, ao mesmo tempo, de real ameaça ao modelo de negócios vigente?

Muitos acreditam que ele diria “Evoluir ou Morrer”, referência à teoria da seleção natural (um dos conceitos mais importantes desse cientista britânico que viveu no século XIX), e que foi escolhido como tema do painel que fechará o Seminário SET E TRINTA no NABShow, na quarta-feira, 20 de abril.

 

A NECESSIDADE DE ADAPTAÇÃO

A ameaça de extinção parece se espalhar pelos quatro cantos do globo, diante de um cenário histórico que agora escancara seus efeitos. A falta de padronização mundial dos sistemas de radiodifusão terrestre (tanto analógicos quanto digitais) faz com que os produtos eletrônicos para TV terrestre precisem ser regionalizados, impedindo escalas globais de interesse dos fabricantes. Na outra ponta, os sistemas de banda larga seguem padrões universais (quem tem um telefone 3G, 4G ou 5G, o usa no mundo inteiro).

Esses fabricantes são os mesmos que trabalham continuamente no desenvolvimento de soluções cada vez mais poderosas para a banda larga e, de modo a viabilizar sua rápida implantação, fazem os lobbies mundiais em favor da transferência do espectro para essas tecnologias. “Há fortes indicações de que jamais haverá acordos para usos de sistemas padronizados de TV terrestre em escala global”, avalia a diretora internacional da SET e moderadora do painel, Liliana Nakonechnyj. “Sem padrões globalizados, fica comprometido o desenvolvimento de produtos de consumo para a TV aberta, em especial os de uso pessoal, e dificultada a defesa do espectro”, explica.

 

AS FASES DA EVOLUÇÃO

No momento, as emissoras trilham dois caminhos concomitantes para enfrentar esta situação: o investimento em tecnologias de captação e exibição que aumentem a qualidade da imagem e do serviço (HDR, 4K, 8K); e a complementação de ofertas através de outras plataformas, como as OTTs. “Os novos formatos de distribuição são importantíssimos, mas a radiodifusão continua sendo a forma mais eficiente de distribuir programação ao vivo”, ressalta Liliana. “E a defesa do espectro é essencial para proteger a televisão aberta e garantir que ela possa evoluir e continuar oferecendo o que há de mais moderno, gratuitamente, a toda a população”.

 

MODERNIZAÇÃO NA PRÁTICA

O painel do SET E TRINTA tem como objetivo discutir as propostas que já existem na Europa e no Japão e as perspectivas para os próximos anos. Confira:

*A poderosa European Broadcasting Union (EBU), que reúne 781 emissoras de TV e 1.049 emissoras de rádio públicas, que alcançam mais de 1,03 bilhão de pessoas, representada por Simon Fell, diretor de Tecnologia e Inovação, destacará os avanços no HDTV e como eles têm ajudado a reduzir custos para os broadcasters, a maximizar o alcance da audiência e a ampliar a experiência dos consumidores.

*O Ministério de Assuntos Internos e Comunicações (MIC), do Japão, representado pela diretora de Tecnologia de Radiodifusão Digital, Reiko Kondo, falará sobre políticas públicas voltadas para as tecnologias de 4K e 8K. Esta última terá sua primeira transmissão experimental no território japonês em meados de agosto.

*Também do Japão, o Next Generation Television & Broadcasting Promotion Forum (NexTV-F), consórcio que reúne mais de 100 empresas, explicará os planos do mercado japonês para a ultra definição até 2020. Keiya Motohashi, presidente executivo e estrategista sênior em UHDTV do NexTV-F, falará sobre a meta de 20 canais 4K e um 8K, via satélite, já em 2018, como também sobre as novas oportunidades em serviços B2B para o UHDTV.

 

Para mais detalhes, visite: www.set.org.br.