PRO AV e Internet das coisas: o que tem a ver?


12 de fevereiro de 2016

abre

Internet das Coisas (IoT) é a palavra da moda numa série de mercados. Mas o conceito – aparelhos e sensores conectados em rede para controle e monitoramento – já é parte do segmento de áudio/vídeo profissional por quase duas décadas.

“Acho que foi em 1997”, recorda Dan Jackson, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Crestron. “Juntamos nossos projetores aos sistemas de controle e conseguimos coletar uma boa quantidade de informação, como vida útil da lâmpada, alimentação, status. Enviamos o relatório a um sistema central de gerenciamento, cujo software nos forneceu dados para monitorar as salas.”

Com a evolução das tecnologias, os recursos que se utilizavam no século passado se transformaram em algo totalmente novo. A contínua miniaturização dos sensores e dos processadores levou à explosão do número de dispositivos que podem se conectar à internet, ou a uma rede, e interagir com outros aparelhos.
A comunicação máquina-a-máquina reduziu a necessidade de envolvimento humano nas operações de rotina, permitindo fazer mais com menos acompanhamento. A capacidade de analisar dados coletados por inúmeros sensores produz valiosas contribuições, que aumentam ainda mais os benefícios dessas tecnologias. E trazem novas oportunidades para o mercado de AV.

Não é necessário dominar as tecnologias
de suporte, mas quem trabalha com AV precisa de conhecimentos básicos sobre redes e dados.

“Esse mercado estava preso aos espaços de trabalho fixos”, diz Gary Hall (CTS-D, CTS-I), diretor de tecnologia da Cisco para a área de defesa e recentemente eleito presidente da InfoComm International. “Quando você pega uma câmera ou um microfone e consegue miniaturizá-los num sensor, este pode se conectar com centenas de outros. E isso lhe dá uma capacidade que não existia antes: a capacidade de fazer as coisas melhor.”

Para aproveitar as vantagens da IoT, os profissionais de AV precisam entender alguns elementos fundamentais. Especialistas explicam que não é necessário dominar as tecnologias de suporte, mas quem trabalha com AV precisa de conhecimentos básicos sobre redes e dados. Mike Coburn, projetista da empresa RTKL, diz que o surgimento do padrão IPv6 é uma mudança importantíssima. O padrão foi criado para substituir o IPv4, que se tornou obsoleto, e oferecer um número ilimitado de endereços IP. Isso é essencial diante dos milhões, talvez bilhões, de novos dispositivos que são lançados a todo momento.

Muitos órgãos do governo exigem que os sistemas AV sejam no padrão IPv6, tornando mais complicado para os integradores trabalhar com o serviço público. Os profissionais também precisam estar familiarizados com redes sem fio, como explica Shane Long, diretor da empresa de projetos Waveguide: “Hoje em dia, o que ninguém quer em suas salas de reunião é ver cabos. Eles querem chegar e fazer suas apresentações sem fio.”

No caso de aparelhos conectados via cabos de cobre, a tecnologia Power over Ethernet (PoE) representa um importante avanço. Como aumenta a quantidade de dispositivos e sensores, passa a ser vital poder alimentá-los através dos mesmos cabos de conexão. Usando PoE, é possível manter a alimentação dos conectores de IoT sem ter que passar cabos ou confiar em baterias.

Segurança nas redes AV se tornou
“imperativa”. E isso abre novas
oportunidades de negócio.

Na opinião de Hall, os profissionais de AV também precisam entender que os padrões de comunicação usados no mercado – para transporte de vídeo, compressão de dados e conectividade – são elementos-chave no fluxo de informação das redes IoT. Mais: têm que incluir em seus projetos algum tipo de análise de dados, para colher os benefícios da comunicação máquina-a-máquina. Quando os dados são analisados em tempo real, podem ser valiosos sem necessariamente congestionar o servidor, ou mesmo a nuvem, com informações desnecessárias.

Com o aumento dos dispositivos conectados, cresce também a preocupação com a segurança dos sistemas AV. Como explica Hall, os profissionais “devem ser mais inteligentes nessa questão, pois tanto AV quanto IoT geram novas ameaças à rede”. Ele acrescenta: “Se esses dispositivos não forem bem usados, as ameaças podem se multiplicar quando há centenas, ou até milhares, de sensores nos limites da rede.”

Na verdade, a segurança nunca foi uma preocupação prioritária no mercado de AV, mas se tornou “absolutamente imperativa”, nas palavras de Jackson. No passado, os sistemas AV não eram conectados a redes abertas, muito menos à internet. Não é o caso da imensa maioria das instalações de IoT, que podem ser vulneráveis a hackers, se não forem devidamente protegidas. “De uma forma ou de outra, nossos aparelhos são conectados à internet”, explica ele. “Por isso, têm de ser robustos e protegidos, já que uma rede é tão boa quanto seu elo mais fraco. E esses aparelhos não podem ser o elo mais fraco.”

Assim como as redes em geral, e particularmente as de IoT, precisam ser criptografadas, os sistemas AV também devem ser capazes de autenticar a identidade dos usuários autorizados.

IoT pode incluir sinalização digital,
iluminação, controle da energia,
colaboração móvel e até drones.

Para profissionais de AV que desejam trabalhar dessa forma, as oportunidades só têm um limite: a imaginação. Os recursos de monitoramento e controle das redes IoT têm tudo a ver com as empresas de gerenciamento remoto. Um exemplo: é importante checar bem o estado dos equipamentos instalados, para ter mais eficiência na manutenção e suporte. Equipamentos baseados em rede permitem ao integrador estar o tempo todo em contato, e isso deve constar de seu contrato de serviço.

Fabricantes como a Crestron já oferecem produtos compatíveis com IoT, como aqueles que permitem a reserva de horários (scheduling), por exemplo. “Temos uma linha de displays touchscreen que são montados do lado de fora da sala de reuniões”, diz Jackson. “Ali, pode-se conferir se a sala está reservada ou liberada para reservas, e também ver se há outra sala disponível.”

No horizonte dos sistemas IoT, pode-se incluir os sistemas de sinalização digital, controle de edifícios (iluminação, ar condicionamento, consumo de energia), a colaboração através de dispositivos móveis e até o uso de drones.

No entanto, os profissionais de AV devem estar atentos aos desafios do segmento IoT. Segurança e privacidade são fatores fundamentais, até porque muitos usuários têm resistência ao fato de que o sistema do prédio possa espioná-los.

*Extraído de um estudo da InfoComm International(c) Clique aqui para ler o original na íntegra.