Monitoramento de rede em nuvem: não caia nessa conversa


2 de julho de 2015

nuvem_cloud

Por Dick Paessler*

 O mercado de monitoramento de rede na nuvem alastrou-se como fogo no começo de 2015, entre aquisições e altos gastos do capital de risco. O dinheiro realmente tem voado rápido pelo Vale do Silício e além. Mas, dinheiro não é tudo e, embora o monitoramento de nuvem tenha a sua serventia, não é a cura para todos os males.

É fácil cair na onda dos assuntos da moda, mas as startups de monitoramento em nuvem têm enfrentado fortes contraventos, incluindo o fato de que estão resolvendo um problema que muitas empresas simplesmente não têm. Muitas dessas jovens empresas têm resolvido problemas relativamente fáceis – monitorar cargas de trabalho na nuvem. Elas capitalizaram diversas tendências na computação, incluindo o movimento em direção às aplicações em nuvem e a Internet das Coisas (Internet of Things, ou IoT). Geraram muita publicidade, atingindo o status de “tendência do momento”, embora em muitos sentidos estejam perdendo foco.

Hardware e LAN são e continuarão a ser importantes. Ninguém está dizendo que optar pela nuvem seja uma ideia ruim – ao contrário, faz bastante sentido em muitos casos, e o monitoramento de rede em nuvem tem um papel. Contudo, nem tudo pode ser realocado. As redes podem conter literalmente milhões de switches, servidores, firewalls e outros – e muitos desses hardwares estão ultrapassados.

É essencial saber como monitorar tudo na rede – e isto é muito mais do que apenas ser capaz de se conectar com as APIs de alguns fornecedores de nuvem e depois chamá-los algum dia. As empresas dependem do hardware, e o fato é que a maior parte do hardware existente no mundo se encontra ultrapassado. O monitoramento em nuvem é otimizado para lidar com os últimos e melhores lançamentos, mas, quando o assunto é rede em hardware, trata-se de algo crítico.

Internet das Coisas

É muito comentado o monitoramento da IoT, e é aqui que o monitoramento em nuvem revela suas fraquezas. Um dos aspectos mais empolgantes da Internet das Coisas é o seu potencial de transformar a economia industrial. Enquanto muitos focam na ideia de que ela permitirá que os consumidores controlem remotamente os seus termostatos e geladeiras, a indústria conectada é realmente uma revolução.

Em todas as indústrias, seja de fabricação ou produção de energia, as operações dependem de hardware em uso, incluindo alguns de produção caseira – sistemas SCADA são um exemplo perfeito disso. Estes sistemas são a coluna dorsal nas operações das empresas, e de implementação custosa, que requer anos até serem completamente pagos. Precisarão ser conectados, o que requer um conhecimento institucional amplo e anos de experiência em hardware. Fornecedores de monitoramento precisam oferecer um modo para que usuários finais trabalhem com hardware antigo, seja por meio de sensores com design customizado ou templates com interfaces amigáveis.

Do mesmo modo, há alguns processos que necessitam de conexão LAN. As indústrias nunca irão mudar todas as áreas de trabalho para a nuvem, isto simplesmente não é possível. Máquinas devem estar ligadas por conexões LAN seguras, seja fibra, cobre ou Wi-fi, com uma largura de banda superalta e confiabilidade extrema. Sistemas em nuvem simplesmente não podem oferecer isso atualmente. Nenhum industrial iria aceitar menor disponibilidade ou problemas de conectividade que estejam fora de seu controle. Interrupções na nuvem podem acontecer, mas ninguém irá sair da linha de produção porque a nuvem da Amazon caiu.

O monitoramento de rede requer e continuará a requerer bom senso. Para monitorar softwares é necessário ser capaz de se comunicar com tudo, seja um AWS ou um sistema SCADA de 25 anos, independentemente de sua qualidade de conexão. Os departamentos de TI precisam ser capazes de monitorar tudo, das aplicações de nuvem até as válvulas de um oleoduto ou uma estação de energia em uma área remota.

São necessários anos de experiência para desenvolver ferramentas capazes de realizar estas tarefas – algo mais complexo do que apenas fazer conexões com um API. A maior parte da Internet opera por meio de servidores e switches antigos, que não podem ser realocadas para a nuvem. Ao final, é fácil admirar o incrível potencial dos recursos da nuvem e cair nessa nova onda – difícil é pensar no todo e colocar um farol dentro do sistema.

* O autor é CEO e fundador da Paessler AG, fabricante do software PRTG Network Monitor. O artigo foi publicado originalmente no site Convergência Digital.