O QUE É IMPORTANTE (MESMO) AO MONTAR UMA REDE AV SOBRE IP


29 de setembro de 2018

Por James Careless*

A tendência das redes AV sobre IP chegou pra valer. Segundo a consultoria Futuresource, as vendas de dispositivos AVoIP (encoders e decoders) cresceram mais de 130% em 2017, o que corresponde a um crescimento similar nos projetos envolvendo essa tecnologia. “É u a mudança significativa no mercado”, garante Anthony Brennan, pesquisador da Futuresource.

         Enquanto isso, a quantidade de conteúdos de áudio e vídeo sendo transportada sobre redes IP continua aumentando. No ritmo atual, como definiu o relatório Cisco Visual Networking Index: Forecast and Methodology, 2016–2021, publicado no ano passado, teremos 1 milhão de minutos de vídeo circulando pelas redes do planeta a cada segundo no ano 2021.

         Para administradores de redes AV, migrar seus conteúdos para redes internas sobre IP parece hoje uma tendência irresistível. Mesmo que ainda não possuam equipamentos compatíveis para distribuição desses materiais, eles conseguem dessa forma resolver problemas ligados à degradação do sinal, à complexidade do chaveamento e outros limites associados aos sistemas tradicionais.

         Dito isso, migrar sinais AV para a infraestrutura de TI da empresa não significa simplesmente trocar uma tecnologia pela outra. Isso porque as redes IP não foram desenhadas para trafegar conteúdos AV de forma linear e ininterrupta. Ao contrário, os padrões da internet são otimizados para transferir arquivos de dados não importando questões como lentidão e latência. Como sabe, nesse tipo de instalação o usuário final não tem necessidade de acessar os arquivos antes de concluir o download.

Redes AV costumam utilizar

Linux, um sistema mais vulnerável

a invasões, colocando em

risco os dados da empresa.

         Conteúdos de vídeo precisam ser assistidos sem interrupção, muitas vezes durante a própria transmissão e em tempo real, uma exigência que as redes de dados tradicionais não têm como suportar. Por isso, os administradores de redes AV devem estar atentos a alguns aspectos para fazerem essa transição de modo adequado.

         Os especialistas que entrevistamos para este artigo concordam: seja numa rede física ou virtual, conteúdos AV devem ser transportados dentro de sua própria estrutura IP, e não misturados com o tráfego de dados. Isso garante que a transferência não seja comprometida, assim como a segurança dos arquivos.

         Outra razão para manter o tráfego independente é que isso evita o problema de ter que priorizar um fluxo de sinal sobre o outro – especialmente se a rede compartilhada tamém está sendo usada para trafegar chamadas telefônicas (VoIP): estas não admitem problemas de latência ou queda de sinal.

         No quesito segurança, há outro ponto importante, como lembra Phil Hippensteel, professor assistente de Ciência da Informação na Universidade Penn State: a maioria das caixas de conexão utilizadas em redes AVoIP utilizam Linux, um sistema operacional relativamente vulnerável a invasões. Isso, é claro, coloca em risco os dados armazenados na rede corporativa.

         E, claro, existe a questão do consumo de dados. Uma rede AV costuma devorar a banda disponível, e isso é ainda mais grave se trata de distribuir os conteúdos em estrutura multicast (muitos usuários simultâneos). Isso geralmente é feito utilizando o protocolo IGMP (Internet Group Management Protocol), cujas chaves de conexão não são capazes de gerenciar a largura de banda. Quando o fluxo AV ultrapassa a capacidade da rede, os pacotes de dados é que são descartados.

         Uma alternativa para isso seria o uso do protocolo AVBoE (Audio Video Bridging over Ethernet), que reserva 25% da banda disponível para tráfego de dados (non-streaming). Mesmo assim, os especialistas recomendam manter separadas as redes virtual e física.

 *Artigo publicado originalmente no site AV Network. Clique aqui para ver o original na íntegra.

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