Conheça o incrível mundo da projeção mapeada


9 de dezembro de 2015

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Por David Weiss*Com as tecnologias atuais, qualquer edifício, barco, ou até mesmo uma montanha, pode servir a uma projeção mapeada. Não importa a superfície. A especialidade conhecida como projection mapping vem tendo uma fantástica evolução nos últimos anos. E já existe há tempos: foi lançada em 1969, na inauguração da Mansão Assombrada e seu famoso trem fantasma, na Disneylândia.

Quatro décadas se passaram, tempo suficiente para que os profissionais de AV deixassem para trás aqueles recursos, em que as figuras eram projetadas sobre estátuas. Hoje, incríveis painéis de publicidade, sinalização digital, a pista de gelo de um jogo de hóquei, a fachada de um grande edifício e até a área externa de um teatro de ópera, como o de Sydney (Austrália), abrigam projetos de mapeamento digital.

Essa tecnologia significa usar a projeção para obter texturas e efeitos tridimensionais em superfícies e objetos diferentes, como explica Tobias Stumpfl, CEO da empresa alemã AV Stumpfl, que fabrica telas, displays e sistemas de controle para projeção. “É uma ótima maneira de criar shows ou divulgar informações visuais em eventos ao vivo ou locais que atraem visitantes”, diz ele. Clique no slideshow para ver algumas instalações desse tipo ao redor do mundo.

Embora o principal num sistema de projeção mapeada sejam os projetores e poderosos servidores de mídia, é essencial também abrir a cabeça para novos conceitos. “Costumamos dizer que colocamos os pixels em qualquer lugar onde se queira”, comenta Mike Garrido, gerente de produtos da Christie. “A projeção mapeada é apeas a visualização disso”, acrescenta, citando exemplos como o do Museu de História de Redwood (Califórnia), que exibe imagens digitais sobre a superfície dos morros da região; ou cenários como um salão de festas, em que as projeções não são sobre telas, mas sobre as próprias mesas de jantar, com efeitos visuais impressionantes. “A superfície pode ser qualquer coisa”, diz Garrido.

Segundo esses especialistas, o fator entretenimento é importante, mas trata-se também de conquistar a atenção das pessoas e gerar uma experiência agradável relacionada a algum objeto ou produto. Geralmente, as empresas associadas ao projeto ganham maior visibilidade e a imagem de inovadoras.

Mas, nos grandes espaços públicos, as expectativas também são maiores. Por isso, o integrador responsável precisa investir em estrutura para executar esses projetos. Ken Showler, da empresa especializada 7th Sense Design,

lembra que entre as ferramentas indispensáveis hoje está a calibragem em 3D, que precisa ser mais rápida e precisa. “Às vezes, temos que enfrentar um desafio natural, que é recriar imagens reais num cenário virtual”, explica Showler. “O artista prepara seu show com base em imagens reais, e aí você precisa ter no local todos os meios de reproduzi-las.”

Além de uma boa experiência com projetos desse tipo, exige-se a criação de “modelos virtuais”, algo semelhante às figuras de videogames, utilizando métodos digitais de mapeamento. Cada projetor é representado por câmeras apontadas para o modelo virtual, com a mesma perspectiva visual da imagem verdadeira; e os ajustes dessas câmeras têm que ser modificados na hora, conforme a necessidade. Esse ambiente 3D expande as possibilidades de calibragem e separa o mundo real daquilo que se chama ‘produção de mídia’.

 

Com as tecnologias atuais, praticamente tudo é possível no campo da projeção mapeada.

 

As soluções hoje existentes, em matéria de servidores de mídia, facilitam o uso da projeção mapeada. “O servidor renderiza e mapeia conteúdos em alta resolução, automaticamente, sobre superfícies e objetos tridimensionais ”, explica Stumpfl. Além disso, acrescenta, novas lentes de projeção e fontes de luz comandadas via software permitem melhor distribuição da luz em todos os ângulos.

Um papel fundamental nesse processo é o do provedor de conteúdo. Há casos em que os próprios administradores do local fazem a contratação, mas o integrador precisa saber exatamente com quem está trabalhando. “A luz sempre ilumina algum objeto, mas o que vale é a luz que volta para o público”, diz Garrido. “E não importa se está bonito na tela do computador, é preciso ver como fica diante dos olhos das pessoas. Um bom artista de mapeamento digital saberá quais cores usar, entenderá a geometria das superfícies e qual a mensagem final a ser passada.”

Na visão dos profissionais especializados, quando se combinam bons componentes e as tecnologias mais avançadas, praticamente tudo é possível no campo da projeção mapeada. Um exemplo citado por Stumpfl: sua empresa projetou e instalou um sistema desses dentro da mina de sal de Salzwelten, nas famosas montanhas Hallstatt, na Áustria, com um verdadeiro show multimídia, incluindo dezenas de telas e todo tipo de controles.

A nada menos do que 400m de profundidade, os técnicos da AV Stumpfl montaram equipamentos para gerar conteúdo AV, utilizando três projetores de curta distância XEED WUX400ST, da Canon. Nos primeiros cinco minutos, as imagens são exibidas numa tela motorizada, que em seguida se move para revelar a estrutura da mais antiga escada subterrânea da Europa, em projeção holográfica (um quarto projetor é usado para criar o efeito 3D).

Sim, as imagens naturais da mina já seriam suficientes para proporcionar um belo espetáculo. Mas o desafio ali é que as camadas de sal e calcário se movem alguns centímetros por ano. Portanto, todas as telas e os projetores precisaram ser instalados em andaimes, com ajustes específicos para compensar os movimentos.

Num projeto assim, como na maioria dos casos em projeção mapeada, é crucial avaliar a questão da interatividade. O uso cada vez mais intenso desse recurso vem sendo facilitado pelos aplicativos. Pessoas comuns já podem baixar softwares de instalação em seus smartphones e tablets, e com isso ajudar a criar novas experiências para outros usuários. Mas, como se consegue fazer as pessoas pararem em frente a uma vitrine? É o que pergunta Garrido. “É aí que entra a interatividade”, ele mesmo responde, “e com a projeção mapeada você pode interagir com um app, mesmo sem estar no local.” 

SLIDESHOW (clique na foto para ampliar e na legenda para ver mais detalhes)

*Texto publicado originalmente no site AV Network. Clique aqui para ver na íntegra, em inglês.